Guerra ideológica
O impasse que se vive não se trata só de uma mera questão de liquidez, existe também um fundo simbólico bastante forte por trás deste diferendo. O braço de ferro entre a Grécia e credores é já uma guerra político-ideológica entre os defensores da austeridade e os defensores da anti-austeridade. A guerra contra a ideologia da austeridade começou no país helénico e muitos analistas apoiam a posição do governo grego por entenderem que os resultados das políticas aplicadas na Grécia resultaram em recesão económica. Quem sair vencedor deste impasse poderá ditar o destino de futuros resgates a implementar noutros países da Europa.
Schauble e a chanceler alemã bem tentam dar o exemplo de Espanha, Portugal e Irlanda para justificar que a teoria da austeridade teve sucesso mas no caso da Grécia a história não tem um final feliz já que existe a possibilidade de um terceiro resgate. A audácia dos fracos ou os escrúpulos dos fortes, um deles irá impor as regras. Os credores vão procurar forçar o actual governo grego a ir contra as suas intenções políticas com o intuito de provocar a demissão do partido eleito democraticamente pelos gregos. Uma forma de lançar um aviso a outros partidos com ideologias semelhantes que vão surgindo aqui e ali na Zona Euro.
Se o governo português tem procurado dar uma imagem de "bom aluno" para com as instituições internacionais, já a Grécia recusa aplicar mais cortes em sectores como as pensões por achar que isso trará mais recessão. "Não nos vão humilhar" foi assim que Tsipras fez uma declaração de manifesto no parlamento grego mostrando que irá continuar a lutar pelos interesses da economia grega. Para além das questões de liquidez e da ideologia política existe ainda um outro factor importante que não se pode esquecer. Tsipras tem usado o trunfo geopolítico da NATO, importante para se manter "vivo" neste braço de ferro.
Questão geopolítica
É que caso a Grécia decida contra-responder aos credores ameaçando abandonar a NATO os EUA podem ficar vulneráveis no diferendo com a Rússia já que têm uma base militar na Grécia. Por isso os EUA pretendem a continuidade da Grécia na Zona Euro e na NATO. Não é por acaso que surgiu agora o escândalo de corrupção na FIFA, investigado pelo FBI, e que poderá ditar a retirada de um futuro mundial de futebol já atribuído à ... Rússia.
O calendário das amortizações gregas em 2015 junto dos credores institucionais:
Junho
dia 30 1.600 milhões € ao FMIfim da extensão do program de resgate
Julho
dia 13 450 milhões € ao FMIdia 19 693 milhões € juros de obrigações
dia 20 3.500 milhões € ao BCE
Agosto
dia 1 178,4 milhões € ao FMIdia 20 3.200 milhões € ao BCE
dia 20 194,5 milhões € juros de obrigações
Setembro
dias 4, 14, 16, 21 1.500 milhões € ao FMIOutubro
dia 13 450 milhões € ao FMIDezembro
dias 7, 16, 21 1.200 milhões € ao FMITOTAL em 2015
12.965,9 milhões € só a credores institucionais22.000 milhões € somando ainda bilhetes do tesouro
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