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Mais um aumento de capital no BCP?
Depois do BCP ter apresentado resultados semestrais decepcionantes com prejuízos de 197 milhões de euros no primeiro semestre e de ter passado nos testes de stress, o banco de Nuno Amado recebeu uma proposta firme da chinesa Fosun, que em Portugal detém a Fidelidade e a Luz Saúde, para entrada no capital.
Também o Novo Banco (ironicamente apelidado de banco bom) apresentou resultados negativos no primeiro semestre ainda piores do que o BCP, o que coloca pressão no Fundo de Resolução, do qual o BCP faz parte. Com os sucessivos registos de perdas do Novo Banco dificilmente aparecerá uma instituição interessada em adquirir o banco. A liquidação ordeira parece ser cada vez mais o destino certo do Novo Banco. Aqui ficam os dados a reter da proposta da Fosun:
- Fosun pretende adquirir 16,7% do BCP através de um aumento de capital reservado com novas acções por um preço inferior ou igual a 2 cêntimos (total 236 milhões), que acabará por diluir a posição dos actuais accionistas que não terão direito a participação. A última assembleia geral do BCP de final de abril de 2016 suprimiu o direito de preferência dos actuais accionistas em futuros aumentos de capital até a Fosun deter 20% do banco;
- Posição pode ser aumentada mais tarde para de 20% até 30% com a aquisição de acções próprias no mercado ou em futuros aumentos de capital totalizando um investimento de 500 milhões de euros. Fosun pretende uma operação de reverse stock split posterior aprovada em AG - que vai fundir 75 ações do BCP numa só, elevando o valor de cada para 8,26 euros;
- A posição dos angolanos da Sonangol, o maior accionista do BCP, pode sair fragilizada com esta operação;
- Fosun exige dois administradores no BCP. Exige também ficar livre de encargos para com o Fundo de Resolução. Para além disso pretende aprovação por parte de BCE e BdP da aquisição qualificada no BCP;
- Fosun tem um rating de dívida de "lixo" pelas agências de rating o que pode dificultar a operação pelo BCE, que por sua vez não vê com bons olhos a entrada de Chineses ou Angolanos;
Apesar de ter passado nos testes de stress subsistem dúvidas quanto à capacidade do BCP em amortizar os restantes Cocos ao Estado neste cenário de perdas semestrais. O BCP continua a aguardar para depois do Verão o ok do BCE para amortizar mais 250 milhões de euros e os restantes poderia ser pagos com o capital fresco da Fosun.
Sonangol com prejuízos gigantescos nas acções do BCP
Ora o último aumento de capital do BCP foi feito a 6,5 cêntimos com perdas gigantescas para o seu principal accionista, a Sonangol, de quase 179 milhões em 2015 devido à desvalorização da cotação. Mas desde 2007, ano em que entrou no capital do banco, que as menos-valias potenciais ultrapassam os 1,44 mil milhões de euros depois de sucessivos aumentos de capital. Hoje a cotação anda perto dos 2 cêntimos.
A Moody's entretanto refere que a Fosun pretende usar o BCP como porta de entrada dos seus negócios no resto da Europa.
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