Os rácios tiveram de ser equilibrados com sucessivos aumentos de capital o que foi fazendo com que o bolo tivesse de ser repartido em fatias cada vez mais pequenas, com o valor das acções a ser sucessivamente diluído para números cada vez mais pequenos. O BCP já valeu 4 euros, hoje vale 0,05 euros. Mas o caso mais recente do Banif é o melhor exemplo com o valor das ações a caírem para valores abaixo de 1 cêntimo o que fazia antever a sua resolução.


Aumentos de capital de 2008 a 2014
BCP 5.300 milhões €
CGD 2.700 milhões €
BES/NB 3.255 milhões €
BPI 690 milhões €
Montepio 1.140 milhões €
Banif 771 milhões €
Total 13.856 milhões €
"Escândalos" com bancos de 2007 a 2015
BCP 2007
BPN 2008
BPP 2008
BES/NB 2014
Banif 2015
A nacionalização de dívida privada é um acto imoral
Um esquema bastante simplificado resume o modus operandi daquilo que o jornal classifica como a "fraude da década" e que prejudicou a banca nacional, o estado e os contribuintes, mas que beneficiou alguns intervenientes.
Um empresário obtém lucro com um determinado negócio, coloca esse capital em offshores mas de forma indirecta deixa uma dívida pesada a um banco. O banco fica com um activo (terreno ou edifício) como contrapartida, mas depois como não consegue reaver o capital regista uma imparidade.
Este crédito malparado, ou "activo tóxico", é colocado num "veículo" adquirido pelo estado. Um nome pomposo já que no fundo trata-se da nacionalização de dívida privada. Os contribuintes pagaram os aumentos de capital que foram feitos na banca e ainda ficam com a responsabilidade de pagar essa dívida deixada pelo referido sujeito, uma vez que passou para o estado.
Este empresário obteve lucros com o negócio e passou o fardo da dívida para o estado, o que é um acto imoral, ou a "fraude da década" como chama o jornal. Os programas de combate à fuga ao fisco em offshores visam encontrar e castigar estes intervenientes.

Quem são ou foram estes empresários que se financiaram na banca nacional provocando enormes imparidades?
Este artigo do Expresso faz uma viagem rápida ao mundo da banca portuguesa durante o período de 2008 a 2014, uma fase negra da sua história com resgates e colapsos de vários bancos depois de registarem enormes perdas. E quem são ou foram estes empresários que se financiaram na banca nacional tendo provocado enormes imparidades na banca?
Uns estão ou estiveram ligados à política, outros ao mundo do futebol, outros a construtoras. A promiscuidade entre bancos e a política com a troca de cargos mostra que os partidos políticos serviram-se da banca para fazer muitos negócios, alguns ruinosos. Alguns partidos obtiveram fundos através dos bancos e o Banif tem muitas relações com o PSD local.
O regime político instalado, com influência directa nas decisões da vários bancos, precipitou vários colapsos. Basta ver que o maior acionista do Banif, o último banco a ser intervencionado, era o Estado com uma posição de 60%. Neste caso a responsabilidade da necessidade de intervenção no Banif foi, em grande parte, do executivo em funções na altura - PSD/CDS.
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